Mesmo fazendo parte do elenco do Teatro Produção Urbana e da Cia do Riso(R), o que me permitia não passar fome era o artesanato (aquele com arame de alpaca e miçangas).
Devido a (re)construção da atual praça 1º de Maio, que era meu ponto fixo, migrei para o calçadão Emilio Winter.
Como na esquina com a rua Portão praticamente não havia sombra pra suportar os trinta e tantos graus daquele verão, por um tempo, fiquei na esquina da rua Eça de Queiroz.
Numa sexta-feira, dia 8, atravessei a rua e entrei no Super Cesta Sesi (ao lado dos bombeiros); comprei um lanche. Após pagar o rapaz me comunicou:
-Vou ficar te devendo dois centavos.
-Tudo bem, eu cobro eles depois. Respondi.
Na segunda, dia 11, o fato se repetiu.
Na terça fui comprar um refrigerante que custava R$1,49. Paguei com R$1,50 e o mesmo rapaz me anunciou:
-Vou ficar te devendo um centavo.
-Bem... você pode me dar cinco de troco. Pois já acumulou dois de sexta, dois de ontem, com este um são cinco.
Ele me olhou como quem flagrou a mulher na cama com outro e disse:
- Capaz...
Fiquei olhando tranquilo, como quem espera alguma coisa. Após alguns segundos de silêncio o jovem embrabeceu, abriu o caixa aos tapas, resmungando algo que não compreendi e literalmente atirou a moéda em mim dizendo:
-Agora não te devo mais nada.
Bissigo Ricco - Situações Pitorescas
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