segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mundo Dragão II

Gian Danton
Desenho Antonio Eder
Parte I - 
O lago tenebroso

Lia, Bruno e JR ainda não estavam acostumados ao mundo estranho para o qual foram transportados.

Eles andavam lentamente, olhando fascinados para as árvores gigantescas.

Toku apressava-os:

- Vamos, precisamos andar rápido!

- Para onde estamos indo, Toku? – perguntou Lia.

- Para o Lago Tenebroso.

JR assustou-se:

- Lago tenebroso? O que é um lago tene...

Mal terminou de falar e uma lagoa tão grande quanto um mar se descortinou à frente deles.

A água era muito escura e tudo era assustadoramente silencioso.

- Co-como vamos atravessar esse lago? – gaguejou JR.

- Toku não vê problema. – disse Toku, e as crianças perceberam que ele sempre se referia a si mesmo como se fosse outra pessoa.

O animalzinho jamais dizia: Eu faço isso.

Dizia: Toku faz isso. Isso contribuía para torna-lo ainda mais estranho.

- Vamos atravessar nessa jangada.

Disse isso e apontou para uma um coisa feita com troncos de árvores e amarrada com cipós.

JR não se conteve:

- O quê? Vamos atravessar nessa coisa? Isso vai desmanchar antes... antes termos tempo de dizer anticonstitucionalisticamente.

JR tinha aprendido essa palavra recentemente e alguém dissera para ele que essa era a palavra mais comprida da língua portuguesa.

Ele falou isso para parecer inteligente, mas não pareceu muito esperto quando, no final da frase, caiu em uma poça d’água.

Toku balançou a cabeça:

- Toku fica contente em saber que pequeno gafanhoto resolveu esfriar a cabeça.

JR levantou praguejando, mas escorregou novamente na poça.

- Vamos, pequeno gafanhoto. Deixe de brincar com a lama. Não temos mais tempo... Em poucos minutos estavam os três na jangada, atravessando o lago.

- Toku, o que está acontecendo? Por que viemos parar neste mundo? – perguntou Lia, depois de algum tempo.

- Toku não pode dizer. Tudo que vocês precisam saber é que vão se encontrar com os três dragões.

Bruno arregalou os olhos:

- Dragões?

- Sim, três dragões. – explicou Toku. Cada um governa um reino.

- Que reinos são esses? Indagou Lia.

- São os três reinos da natureza: o Reino Vegetal, do qual fazem parte todas as plantas; o reino animal, que engloba todos os animais e o reino mineral, formado por pedras, cristais... Cada dragão é responsável por manter o equilíbrio em seu reino, mas esse equilíbrio foi quebrado. Agora estamos indo nos encontrar com o Dragão do Reino Animal.

- Ei, Toku, por que você disse que não temos muito tempo? – lembrou JR.

- É que a hora de dormir está terminando.

- Está acabando? Mas eu ainda nem tirei uma soneca!

- Não é a sua hora de dormir. É a hora de dormir do Cefalópode.

- O que é um cefalópode?

JR não demorou muito tempo para descobrir. A jangada foi balançada como se fosse vítima de um terremoto.

Um barulho infernal dominou o mar até então silencioso:

ROAAAR!

O grupo teve de se segurar com todas as forças na madeira.

Súbito um enorme tentáculo emergiu ao lado da jangada e agarrou Lia.

Estava explicado: o cefalópode era uma lula, um molusco como Quiton.

Mas, assim como Quiton, era muito maior que qualquer lula de nosso mundo... e estava levando Lia para o fundo!

Parte II 
Nos Tentáculos do Cefalópode!

- Eu vou te salvar, Lia! – gritou JR, e pegou um remo com o qual começou a bater no tentáculo.

Deve ter dado resultado, pois o tentáculo se desenrolou do corpo de Lia, permitindo que Toku pudesse puxá-la de volta para cima da jangada.

Lia abraçou JR, agradecida.

- Obrigado, meu herói.

Mas o Cefalópode não estava derrotado.

Um outro tentáculo irrompeu no meio da jangada, quebrando-a em centenas de pedaços.

Os garotos foram jogados longe, cada um para seu lado.

No começo JR se sentiu confuso.

Tantas bolhas e água em onda o desnortearam, mas era necessário salvar os outros, e ele concentrou todas as suas forças na tentativa de nadar e conseguir distinguir algo à sua volta.

Por fim, achou Lia e nadou até ela, ajudando-a a alcançar um tronco.

- Bru... Bruno! – gaguejou Lia. Onde está Bruno?

Os dois olharam à volta, mas era muito difícil achar alguma coisa em meio às ondas que se formaram após a quebra da jangada.

- Ali! Lá está ele! – gritou Lia, depois de algum tempo. Está se afogando...

Não havia tempo a perder. JR nadou rapidamente e segurou o garoto pelo peito, tentando mantê-lo com a cabeça fora d’água.

Foi um longo e penoso caminho até o tronco, mas enfim chegaram.

Entretanto, ainda estava faltando alguém!

- Onde está Toku?

- Toku está aqui, crianças! – disse o castor, esticando os braços para ser visto.

Mal terminou de falar e um enorme tentáculo apareceu às suas costas, agarrando-o.

As crianças começaram a gritar:

- Toku! Toku! Dê o golpe nele!

- Toku não pode. – explicou o castor. Toku precisa de um ponto de apoio para dar o soco...

Estava perdido!

Os tentáculos apertavam-no, fazendo com que coitado ficasse com os olhos esbugalhados.

Em pouco tempo ele não agüentaria mais e deixaria de tentar se livrar da prisão de carne que o envolvia.

Foi quando as crianças avistaram, ao longe, uma enorme sombra que se aproximava.

Parecia uma nuvem negra de chuva, mas se movimentava muito mais rápido.

- O que é aquilo? – perguntou Lia, impressionada.

Não bastava o perigo representado pelo Cefalópode?

Agora eles teriam também de enfrentar outra fera?

Com o tempo as formas da coisa se tornaram mais distintas. Era uma espécie de lagarto com asas.

Se Lia conhecesse mais de zoologia – e zoologia é a ciência que estuda os animais – saberia que aquele animal era ninguém menos que o Kuenossauro.

Em nosso mundo, um Kuenossauro tem pouco menos de um metro, mas ali, no Mundo Dragão, era maior que um avião.

O bicho se aproximava, e estava com fome, mas o que as crianças não desconfiavam era eu seu alimento predileto era... o Cefalópode!

O lagarto gigante mergulhou na água e saiu de lá com o polvo no papo.

Toku acabou sendo solto pelo tentáculo e caiu de uma altura considerável, mas isso não era nada para quem já tinha enfrentado um monstro como Quiton.

Em alguns minutos ele emergiu ao lado do tronco em que estavam as crianças e ficou observando o Kuenossauro levar seu almoço embora.

- Depois de tudo que aconteceu, os animais parecem ter ficado meio doidos. – disse ele, nadando até as crianças.

Ninguém pediu maiores explicações.

Estavam todos muito cansados com todas as aventuras pelas quais haviam passado.

Além disso, estavam perdidos no meio de um lago sem fim, longe de qualquer lugar seco.

- Prometo a mim mesmo que nunca mais vou entrar num barco, se conseguirmos escapar dessa. – disse JR, mas logo em seguida deu um berro.

Tinha visto uma praia!

Lia chorou de alegria. Depois de horas à deriva, estavam finalmente salvos!

Eles nadaram com o que restava de suas forças e chegaram exaustos à praia.

- Arf, arf! Estou faminto! – reclamou Bruno, deitado de costas na areia.

JR abriu a mochila que havia trazido consigo.

- Deixa eu ver... lembro de ter trazido algumas bolachas aqui...

Em seguida fez cara de nojo.

- Argh! Estão molhadas...

- O jeito é comermos isso mesmo. – atalhou Lia.

- É, tem razão. Estou morrendo de fome. – concordou JR.

Eles dividiram as bolachas entre si e estavam começando a comer quando Toku apareceu.

- Toku não sabia que vocês gostavam de bolacha molhada. – disse ele. Trouxe algumas frutas.

- Frutas!

É evidente que todos deixaram as bolachas de lado e atacaram as frutas, que por sinal estavam deliciosas.

Os três nunca haviam comido tanto em suas vidas, pois aventuras dão uma grande fome.

- Ah, isso é que é vida!- exclamou JR, saboreando um abacaxi. Na beira da praia, comendo frutas, por mim ficaria aqui para sempre...

Toku discordou:

- Ah, isso é que não! Precisamos chegar logo ao palácio do Dragão...

Foi realmente difícil convencer JR, mas, no fim, a curiosidade acabou falando mais forte e eles pegaram a estrada.

Bem, pegar estrada é modo de falar, pois na verdade eles percorreram um caminho muito estreito, no meio da mata.

- Esse castelo fica muito longe? – perguntou JR depois de algum tempo.

- Não. Está logo ali. – respondeu Toku.

Continuaram andando. Depois de alguns minutos, JR voltou à pergunta:

- Toku, ainda estamos muito longe?

- Não, já estamos chegando...

Mal andaram cinco minutos, JR tornou:

- Toku, ainda está...

O castor, que já tinha perdido a paciência, nem mesmo o deixou terminar:

- Está, está longe sim! Agora fique quieto e ande!

Depois de um longo tempo, o grupo parou atrás de uma moita.

- É aqui, chegamos. – anunciou Toku.

- Eu não estou vendo nada. - admitiu Lia.

- Oh, então olhe através dessas folhagens...

As crianças afastaram as folhas e ficaram espantadas com o que viram: um enorme castelo se descortinava à frente deles.

Era maior do que qualquer construção que já tivessem visto.

Suas paredes não pareciam de tijolo, ou qualquer outro material conhecido.

- É todo feito de pelo endurecida de dragões. É uma beleza, não é mesmo?

Sim, era uma beleza, e era também impressionante.

Aquele era o castelo do Dragão do Mundo Animal!

As crianças chegaram finalmente ao palácio do primeiro dragão.

Como eles serão recebidos?

Que novos perigos os aguardam?

Não perca o próximo capítulo de Mundo Dragão!

 
Disponível para baixar no formato PDF

Nenhum comentário: